Presidente do BNDES depõe em investigação sobre fundos de pensão

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Rombo no Postalis, fundo dos funcionários do Correios, é de R$ 6 bilhões. Aposentados têm desconto no benefício para cobrir o déficit.

A Polícia Federal fez uma operação para investigar fraudes no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Entre as pessoas que prestaram depoimento está o atual presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro.

O Postalis está entre os 15 maiores fundos de pensão do país em volume de recursos. As investigações apontaram a prática de fazer investimentos fracassados e justamente pelas mãos de quem deveria proteger as aplicações: gestores, empresas de avaliação de risco e administradores de fundos.

Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público, ex-dirigentes do Postalis autorizavam esses investimentos. Analistas emitiam relatórios técnicos falhos, com avaliações irreais para viabilizar a operação. As empresas que recebiam dinheiro do Postalis repassavam parte dos recursos para os suspeitos de envolvimento no esquema.

O rombo no fundo é de quase R$ 6 bilhões, dinheiro dos funcionários dos Correios. Os aposentados estão tendo um desconto no valor do benefício para cobrir o rombo.

“É um desastre terrível porque a base justamente da sobrevivência desses aposentados está nessa suplementação, está nessa aposentadoria paga pelo Postalis”, disse Tarcísio Florêncio da Silva da Associação Brasiliense de Aposentados dos Correios.

Para rastrear provas e possíveis envolvidos, a Polícia Federal e o Ministério Público deflagraram a Operação Pausare. Foram mais de cem mandados de busca em Brasília, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Alagoas. E a Justiça autorizou 46 de condução coercitiva, convertidas em intimações por causa da proibição de coercitivas decidida pelo ministro Gilmar Mendes em dezembro.

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, foi alvo de busca e intimação. Ele foi fundador da SR Rating, uma das empresas contratadas pelo Postalis para fazer a “avaliação econômico-financeira de alguns dos empreendimentos, muito provavelmente para dar uma aparência de legalidade aos papéis comprados pelo fundo de pensão”, segundo a decisão do juiz Vallisney de Oliveira, que autorizou a operação. Rabello foi ouvido na Polícia Federal, em Brasília.

Também foram alvos: o ex-presidente do Postalis Alexej Predtechensky; o ex-diretor financeiro Adilson Florêncio; e Milton Lyra, suspeito de ser o operador de propinas do PMDB do Senado.

Os policiais fizeram buscas no BNY Mellon, no Rio, instituição contratada para administrar os investimentos do Postalis, e considerada responsável pela maior parte das operações suspeitas.

A Justiça Federal autorizou a prisão preventiva do ex-presidente do BNY Mellon José Carlos Lopes Oliveira, mas ele está no exterior.

As investigações indicam que, ao mesmo tempo que ele presidia o BNY Mellon, que administrava os investimentos do Postalis, ele se tornou sócio da empresa que recebia o dinheiro do fundo – a ATG, de Arthur Mário Pinheiro Machado. A empresa de José Carlos recebeu cerca de R$ 40 milhões da ATG e de mais duas empresas de Arthur Mário.

O que dizem os citados:
O BNY Mellon no Brasil declarou que está cooperando com as autoridades.

O Postalis afirmou que tem todo interesse de que os fatos sejam esclarecidos.

A SR Rating declarou que fez a avaliação para um grupo em 2009, mas que por norma não poderia saber que entre os interessados na empresa estaria o Postalis. A SR declarou ainda que Paulo Rabello de Castro se dirigiu hoje, voluntariamente, para prestar esclarecimentos.

Arthur Machado, Milton Lyra e a empresa ATG negaram as acusações.

A defesa de Alexej Predtechensky afirmou que ele jamais teve qualquer conduta ilegal.

O JN não conseguiu contato com Adilson Florêncio e José Carlos Lopes Oliveira.

O PMDB não quis comentar.

Fonte: G1

Publicada dia 02/02/2018 14:10



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