3° ENCONTRO DE MULHERES DA FINDECT: FORTALECENDO A LUTA DAS MULHERES!
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Trabalhadoras dos Correios de todo o Brasil estiveram reunidas em São Paulo, neste sábado e domingo (19 e 20 de maio de 2018), no 3° Encontro de Mulheres da Federação Interestadual dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (FINDECT).
Sob a orientação de “Fortalecer a luta das Mulheres”, o Encontro debaterá temas de relevância para as mulheres ecetistas neste momento político de mudanças no mundo do trabalho, das ameaças de demissão e fechamento de agências, além da recente Reforma Trabalhista que suprime direitos trabalhistas.
A mesa de abertura contou com a presença dos presidentes dos Sindicatos ligados à FINDECT e as dirigentes das secretarias de gênero. Como anfitrião do evento, Elias Diviza, presidente do Sindicato de São Paulo e vice-presidente da FINDECT foi o responsável pelo acolhimento das participantes.
Como a política interfere na vida das mulheres
Em seguida a Deputada Estadual do PCdoB/SP, Leci Brandão, junto com a Secretária de Mulheres da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) – seção SP, Gicélia Bittencourt e a Vice-presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), Cláudia Rodrigues, falaram às participantes sobre a situação política nacional e como ela interfere na vida das mulheres trabalhadoras.
Cláudia Rodrigues registrou que a UBM (União Brasileira de Mulheres) é parceira das trabalhadoras ecetistas, na suas lutas em defesa da empresa pública e de integração nacional. Ao se referir à importância da empresa para a população brasileira, a dirigente feminista disse que trabalhará pela mobilização. “Vamos ocupar os Correios e não vamos deixar privatizar. É necessário darmos o troco nas urnas para aqueles que têm sucateado o nosso país e eleger alguém que governe para os trabalhadores”, disse.
Gicélia Bittencourt, Presidente da Secretaria de Mulheres da CTB-SP falou sobre a violência contra a mulher, inclusive em seu local de trabalho. Parabenizou as mulheres trabalhadoras pela coragem de lutar dia após dia pelos seus direitos, contra o retrocesso e do quanto se faz necessária essa luta, para mudar o quadro político atual. “Precisamos lutar pelos nossos direitos como mulher e contra o capital estrangeiro, afirma Gicélia.
Leci Brandão: “Não permitiremos que acabem com nossa cidadania”
Ao iniciar sua fala, a Deputada Estadual Leci Brandão (PCdoB/SP) registrou que falar em um evento de trabalhadoras dos Correios é muito tranqüilo, pois se sente em casa e disse que através do trabalho de carteiras e carteiros, estes se tornam “amigos da vizinhança”
Leci Brandão falou sobre a sua trajetória de vida, das lutas enfrentadas, as dificuldades financeiras para chegar onde está atualmente, atuando na luta pelos trabalhadores. Sua atuação na Assembléia Legislativa passa pela defesa das bandeiras das mais variadas categorias, inclusive dos Correios. Foi a 2ª mulher negra a ser eleita na Assembléia desde 1970.
A deputada comunista criticou a notícia sobre o fechamento de mais de 500 agências e a ameaça de desempregar mais de 5 mil funcionários da ECT. “Não podemos permitir que isso aconteça. Outubro (nas urnas) é a hora da resposta do povo. É vergonhoso o que tem acontecido com o nosso país, eles estão acabando com a nossa dignidade, mas não podemos permitir que acabem com a nossa cidadania”, disse.
Diante do clamor das participantes, Leci Brandão cantou um trecho da música “Zé do Caroço”, que fala da luta de lideranças sociais que atuam no anonimato das comunidades.
Reforma Trabalhista e o Direito das Mulheres
A Reforma Trabalhista, responsável por suprimir direitos de toda a classe trabalhadora, atinge de maneira contundente os direitos das mulheres trabalhadoras. Por isso, o tema teve destaque no segundo painel do Encontro de Mulheres da FINDECT e contou com a palestra da cientista política e social, Dra. Silvia Helena Grassi de Freitas e da Desembargadora Ivani Bramante.
“A lógica da Reforma Trabalhista é a da flexibilização dos direitos duramente conquistados pelos trabalhadores, por exemplo, com a terceirização que é seguida da contratação intermitente (chama o trabalhador quando precisa e ele recebe por hora trabalhada). Imagine isso acontecendo nos correios”, iniciou falando a Desembargadora Ivani Bramante.
Além disso, tem o tele trabalho (trabalhador é chamado através de um aplicativo, uma espécie de ‘uber’ trabalho), sem vínculo empregatício, ou seja, sem contratação, FGTS entre outros. “A Reforma trouxe total precarização e o Sindicato foi colocado de lado, assim como a Justiça do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho.
Ivani defendeu a criação de comissões dentro dos locais de trabalho, com a tarefa de realizar a defesa dos direitos da mulher. “Só havendo representatividade da mulher conseguiremos regulamentação nos Acordos Coletivos de Trabalho para as questões específicas da mulher, como o pagamento da licença maternidade de risco, entre outras”, sugeriu.
Em relação à falta do imposto sindical, é necessário que os Sindicatos façam uma campanha maciça de filiação, para suprir a ausência do imposto que também é um importante instrumento na luta, defendeu a Desembargadora.
A Postal Saúde e as mulheres
O painel que tratou do tema trouxe representantes da Postal Saúde para prestar esclarecimentos em relação ao Correios Saúde I e II com suas especificidades. Além da apresentação dos atuários da Postal Saúde, Dalmy Moreira e Júlio Oliveira, foi franqueada a palavra às participantes para que tirassem dúvidas sobre os mais variados assuntos relacionados ao plano de saúde dos trabalhadores.
Sobre a saúde da mulher, a Drª Ana Flávia Boni falou sobre a Saúde das mulheres e a importância da mulher cuidar da sua saúde, uma vez que em grande parte das vezes ela é a responsável por cuidar da saúde de toda a família e deixa a sua própria de lado, devido às atribuições que ela tem em casa e no mercado de trabalho.
“É necessário que ela fique atenta aos sinais que o corpo dá, muitas vezes silenciosos para prevenir as doenças”, afirmou.
Durante o encontro, Ana Flávia falou sobre programas de saúde desenvolvidos pela Postal Saúde, entre eles o “Saúde em Dia”, que visa acompanhamento de pacientes crônicos, tais como hipertensão, doenças cardiovasculares, obesidade, DPCO, Idoso frágil, diabetes, oncologia.
A Dra Ana Flávia falou que “como mulheres, mães, esposa, trabalhadoras e tantos outros papéis que temos a desempenhar, é necessário que cuidemos da saúde e façamos o que pudermos para estar bem para exercermos os diversos papéis que temos”.
A saúde da mulher precisa ser integral
A Dra. Aline Oliveira, médica do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde ministrou palestra sobre a saúde das mulheres. Ela falou da importância dos cuidados com a saúde da mulher e da mulher conhecer o próprio corpo, por ser algo que ajuda prevenir a ocorrência de doenças.
Segundo ela, a falta de saneamento básico é um fator de grande impacto sobre a saúde da população. A precariedade do sistema de saúde e a falta de políticas de saúde preventiva são problemas que dificultam o acesso das pessoas ao atendimento médico.
Aline alertou para a necessidade das mulheres buscar cuidados com a saúde preventivamente, fazerem exames quando necessário e não se auto-medicarem.
Na opinião da médica, programas como os caminhões que oferecem exames em campanhas específicas como o Outubro Rosa, embora facilitem o acesso de muitas mulheres a exames como Papa Nicolau, mamografia, ultrassonografia e outros, não cumprem o papel que é fundamental para a saúde pública, que é a saúde preventiva.
Por fim, a Dra Aline chama atenção para a importância de uma alimentação saudável, evitar excessos, realizar atividades físicas e mais informações para evitar com que as mulheres adoeçam.
Mulheres debatem a situação da ECT
Silvana Azeredo e Débora Henrique, Diretoras da FINDECT fizeram uma apresentação a respeito da atual conjuntura da empresa, diante da política de redução de pessoal e direitos históricos, extinção de cargos e fechamento de agências.
As dirigentes chamaram a atenção para a necessidade de unidade da categoria, com vistas à Campanha Salarial e a melhoria do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), uma vez que a Reforma Trabalhista que já está em vigor, fortalece o papel da Empresa.
Silvana Azeredo, através das histórias vivenciadas na empresa nos anos passados, relatou que por causa da sua luta junto aos trabalhadores chegou a ser demitida por 3 vezes, sendo readmitida e permanecendo na luta até hoje.
“Há alguns anos, o trabalhador conseguia com muito trabalho e suor comprar sua casa, seu carro, sua TV. Olhando pelo retrovisor, se percebe o retrocesso. Com falta de oportunidade de trabalho, perde-se as oportunidades de uma vida melhor”, assegura Silvana.
Ela lembra que o que acontece com os trabalhadores e trabalhadoras, em geral, é o mesmo que ocorre com os funcionários dos Correios onde vai se explicitando o retrocesso, com a perda de direitos, através da Reforma Trabalhista, extinção do cargo de OTT’s, fechamento de agências, PDIs e falta de concurso público.
“Esse ano tem sido de muitas lutas, perdas e retrocessos, mas a mudança ainda pode vir, depende de cada trabalhador se engajar na luta e dar o seu voto com consciência em outubro. A luta continua e depende de cada um fazer a diferença e buscar um caminho”, conclamou Silvana.
Reação Patriarcal contra a vida das mulheres abriu o debate deste domingo
A manhã fria de domingo, em São Paulo, não intimidou as trabalhadoras dos Correios que participam do 3° Encontro de Mulheres da FINDECT, que começaram o dia debatendo a reação patriarcal contra a vida das mulheres, com debates feministas sobre conservadorismo, corpo e trabalho, conduzidas pela palestra da dirigente da Sempre Viva Organização Feminista, advogada Carla Vitória.
A feminista iniciou falando que o golpe ocorrido no Brasil trouxe diversas conseqüências maléficas para a vida dos trabalhadores, onde as mulheres trabalhadoras são ainda mais penalizadas e aprofundam a desigualdade social e, de modo especial, a desigualdade de gênero.
Em sua fala, Carla Vitória destacou a sociedade de consumo que usa a mulher como um produto publicitário e, ao mesmo, tempo consumidora de um padrão de mulher que não corresponde a mulher real, pobre, trabalhadora.
Para definir, Carla Vitória conceituou com três classificações o que é o feminismo. Segundo a palestrante, o feminismo se caracteriza por ser um instrumento de luta, um novo modelo de comportamento onde as mulheres desconstroem o modelo de submissão para serem donas do seu próprio destino e, por fim, é movimento social onde as mulheres se organizam para coletivamente transformarem a sociedade.
As participantes tiveram papel ativo durante o debate, relatando suas realidades e dando importantes contribuições sobre a relevância da luta pela igualdade e contra toda a opressão de gênero.
Publicada dia 21/05/2018 02:01