Ecetistas aprovam proposta de acordo e encerram greve
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Os ecetistas de São Paulo acompanharam a orientação do Sindicato e aceitaram a proposta que resultou da audiência de conciliação no TST, encerrando a greve que durou 13 dias
Em assembleia amplamente representativa com os participantes da greve em São Paulo, a categoria apoiou a avaliação da Diretoria do Sindicato e aprovou a proposta de acordo construída em negociação no Tribunal Superior do Trabalho
A proposta aprovada tem avanços consideráveis em relação à proposta de anterior à greve. Isso mostra que ir à luta vale sempre a pena. Principalmente quando esta luta é unificada nacionalmente, como foi a atual, com São Paulo e Rio de Janeiro, os maiores estados, encabeçando a greve e a unidade.
A categoria só não teve mais força porque parte dos Sindicatos da categoria dirigidos por membros da Articulação Sindical, corrente majoritária do PT e principal dirigente da Fentect, abraçaram a primeira proposta da ECT e conduziram as assembleias em seus estados para não entrar em greve. Romperam a unidade nacional da categoria e ajudaram a empresa em sua tentativa de assaltar a categoria. Se não fosse isso, a greve poderia ter arrancado uma proposta ainda melhor.
Veja os avanços da proposta aprovada:
A) A reposição integral da inflação para a maior parte da categoria, através de uma gratificação que será totalmente incorporada aos salários, com datas já previstas (A PROPOSTA ANTERIOR NÃO PREVIA A INCORPORAÇÃO TOTAL DA GRATIFICAÇÃO);
B) A redução do compartilhamento do vale alimentação, o que implica em ganho real no salário da categoria;
C) A preservação do plano de saúde, com a montagem da comissão para propor mudanças, mas com o impedimento da empresa fazer mudanças sem a concordância dos trabalhadores e seus sindicatos;
D) A compensação dos dias parados em 90 dias, com convocação somente para o setor em que o trabalhador está lotado, menos em domingos e feriados;
E) A manutenção de todas as conquistas da categoria constantes do Acordo Coletivo, inclusive o Vale Peru.Veja a proposta aprovada:
1) Aumento linear nos salários de R$ 150,00 a partir de agosto de 2015 e de R$ 50,00 a partir de janeiro de 2016, a título de gratificação, incorporável ao salário nos seguintes percentuais e datas: a) 50% (R$ 100,00) em janeiro de 2016, 25% (R$ 50,00) em agosto de 2016 e 25% (R$ 50,00) em janeiro de 2017;
2) Reajuste de 9,56% para os benefícios com reflexos econômicos (vale-alimentação, vale-cesta, filhos com deficiência e reembolso creche/babá);
3) Redução no compartilhamento do vale alimentação para 0,5% para as referências salariais NM 01-63, para 5% para as referências salariais NM 64-90 e 10% para as referências salariais NS 01-60;
4) Manutenção das demais cláusulas do ACT 2014/2015;
5) Constituição da comissão de que trata o caput da Cláusula 28 do ACT 2014/2015, referente ao plano de saúde, no prazo de 30 dias, a contar da assinatura do ACT 2015/2016, não podendo a empresa adotar qualquer medida de alteração do plano que não seja de comum acordo com os trabalhadores representados pelos seus Sindicatos;
6) Antecipação da universalização da entrega matutina de correspondência pra até o final de 2016, de acordo com os critérios previstos na Cláusula 41 do ACT 2014/2015;
7) Encerramento da greve a partir de zero hora do dia 29 de setembro de 2015;
8) Não desconto dos dias parados, que serão compensados no prazo de 90 dias na unidade em que o trabalhador está lotado, excluindo domingos e feriados, sendo considerados dias parados aqueles em que haveria trabalho.
Vitória conjuntural
A conquista dessa proposta de acordo foi uma vitória para a categoria. Basta olhar para a situação política e econômica do país para entender essa afirmação. Vivemos um dos momentos mais conturbados da nossa história. A situação está tão difícil, que o governo anunciou um plano de ajustes que prevê reajuste zero para os servidores públicos e de estatais e suspensão de concursos públicos. Nossa greve teve força, portanto, para superar a orientação do governo e conquistou a grande vitória que era possível neste momento.
A decisão do Ministro do TST na Audiência também deve ser destacada. Em sua ânsia de encerrar a greve, ele foi extremamente duro com a categoria ao determinar que, se a greve continuasse, 80% do efetivo teria de estar trabalhando, e multa de R$ 100 mil por dia para o Sindicato no caso desse percentual não fosse cumprido. É claro que a categoria tem o direito de contestar o Tribunal, que não é absoluto, mas não seria prudente partir para enfrentamento neste momento tão complicado.
Vitória da participação
E essa vitória só foi possível graças à grande participação da categoria. Os carteiros, mais uma vez, não negaram fogo e participaram em massa da paralisação. Mas tivemos uma grande participação de todos os setores, como os OTTs e os motoristas. A grande novidade foi a quantidade recorde de agências que entraram na luta, e o aumento visível, inclusive nas assembleias, da participação das mulheres ecetistas.
A todos os grevistas, de todos os setores, o agradecimento da Diretoria pelo apoio e pela força, e os parabéns pelo espírito de luta. No ano que vem contamos com participação ainda mais expressiva, inclusive com a participação dos setores administrativos na luta, pois eles também são ecetistas e são tão explorados quanto os demais.
A luta continua!
Uma questão que ficou sem reposta na nossa luta foi a realização de concurso público e a contratação imediata de mais funcionários. Essa luta continua na ordem do dia, porque vão continuar a falta de trabalhadores e todos os problemas ligados a ela, como o excesso de trabalho, as dobras, a pressão das chefias e o adoecimento dos trabalhadores.
Também ficou sem uma resposta à altura da necessidade o problema dos assaltos. Eles continuarão crescendo, e não dá mais para conviver com o descaso e a falta de ações concretas e efetivas por parte da empresa.
E tem a melhoria do plano de saúde. A comissão a ser montada tem de levantar propostas para acabar com os descredenciamentos e garantir o atendimento completo em todas as regiões da cidade.
O Sindicato continuará a organização e a mobilização dos companheiros para essas lutas fundamentais. Estamos juntos e assim continuaremos!
Fonte: SINTECT/SP
Publicada dia 29/09/2015 00:05